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1983 - 1994
obtidos durante o processamento, como os óleos essenciais,
líquidos aromáticos e o farelo de polpa cítrica.
A Europa se destaca como principal destino das exporta-
ções do suco de laranja brasileiro. Conforme dados compila-
dos pelo professor Marcos Neves, da USP, na safra 2009/10,
64% da quantidade exportada teve como porta de entrada os
Países Baixos, re-exportadores para os demais países euro-
peus. Adicionando as exportações realizadas para os Estados
Unidos, esses dois destinos absorvem mais de 90% do suco
de laranja brasileiro exportado (NEVES, 2010, p. 21) .
Uma parte pequena da produção de laranja brasileira des-
tina-se ao mercado brasileiro. Diferentemente dos Estados
Unidos e Europa, aqui ainda há um consumo significativo de
laranja in natura. Além disso, a maior parte do suco de laranja
consumido em nosso país é do tipo espremido na hora, não
processado.
A participação do ITAL na consolidação de uma indústria
de processamento de suco de laranja no Brasil foi fundamen-
tal. “O Instituto tem um papel preponderante no sentido de
trazer tecnologia mais avançada para o Brasil”, conta Flávio
de Carvalho Viegas, presidente da Associação Brasileira dos
Citricultores (Associtrus). “Nós implantamos a primeira plan-
ta-piloto para processamento de suco concentrado do Brasil”,
confirma Rogério Tocchini, pesquisador do Centro de Tecno-
logia de Frutas e Hortaliças (Fruthotec), e também diretor do
ITAL entre 1989 e 1991. “O resultado dessa iniciativa pionei-
ra foi uma grande aproximação com as indústrias que vinham
até nós em busca da tecnologia para processar o suco da
laranja”, conta ele.
Foi a partir da década de 1960 que o Brasil começou a
mostrar resultados significados na produção de laranja. Pri-
meiro no estado do Rio de Janeiro e, em seguida, em São
Paulo, onde a cultura se estabeleceu com grande sucesso.
Segundo Flávio Viegas, no começo a citricultura era voltada
unicamente para a comercialização da fruta in natura, no mer-
cado interno. No entanto, com a iniciativa do governo de trazer
tecnologia para industrialização da laranja visando o mercado
externo, todo esse cenário se modificou. “O trabalho do ITAL
de adaptar a tecnologia norte-americana de produção de suco
Funcionários do ITAL fazem processamento de laranja na Usina-Piloto de Processamento nº 1
Primeiras amostras de suco de laranja processado
desenvolvido pelo ITAL, a partir da década de 1970