ITAL 50 Anos - page 115

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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
Uma das principais evoluções do setor de embalagem me-
tálicas no século XX foi o desenvolvimento da tecnologia de
soldagem elétrica. Esse processo utiliza a soldagem por resis-
tência, isto é, a fusão dos metais é obtida pelo aquecimento
gerado por meio da passagem de uma corrente elétrica, junto
com a aplicação de pressão. O resultado é a formação de
uma solda homogênea e resistente. Trata-se de um proces-
so utilizado já há muito tempo em embalagens para diversos
produtos como latas de tinta, por exemplo. Sua aplicação em
embalagens para alimentos, porém, é mais recente.
Até a década de 1980 a indústria de alimentos utilizava a
solda convencional, com chumbo e estanho, para “costurar” as
latas. O maior risco desse método é que pode ocorrer contami-
nação do alimento por chumbo, uma substância tóxica, cumu-
lativa, que pode provocar alterações no sistema nervoso, no
funcionamento
dos rins, ane-
mia, impotência
e perda de me-
mória. Assim,
para melhorar
o processo de
solda das em-
balagens metá-
licas, algumas
empresas do
setor alimentí-
cio introduziram
a solda por cor-
rente elétrica.
A utilização de uma nova tecnologia, no entanto, requer a
adaptação de diversos fatores referentes ao processo, equi-
pamentos e materiais. O Cetea teve um papel de destaque
no processo de introdução da lata eletrossoldada no Brasil.
Entre os anos 1990 e 1991, por meio de um convênio com
a Finep
2
, o Cetea fez um estudo detalhado para avaliar o de-
2
Projeto Cetea – ITAL/Finep. “Especificação e estudo do desempenho de latas
eletrossoldadas”. Convênio Finep nº 42.90.0007.00
sempenho da lata soldada eletricamente no acondicionamento
de alimentos e bebidas. O estudo se baseou em ensaios com
três produtos: pêssego em calda, ervilha e extrato de tomate,
todos relevantes no mercado de alimentos brasileiro.
Quando se
fala nas inte-
rações com o
produto acon-
dicionado, o
ponto crítico
na avaliação do
de s emp enho
da lata eletros-
soldada é a re-
gião soldada. A
lata só será adequada se houver proteção dessa região com
um alto grau de garantia contra a corrosão. Essa proteção
é obtida por meio da aplicação de revestimentos orgânicos.
Além disso, na escolha de vernizes, usados internamente para
cobrir a região da soldagem, devem ser levados em conta a
composição do produto alimentício e a relação volume de
produto/área superficial em contato, uma vez que conservas
produzidas utilizando altas temperaturas de processo e de
composição ácida impõem rigorosas exigências ao sistema de
proteção interna das latas.
Outro cuidado que deve ser levado em conta na utilização das
latas eletrossoldadas é a possibilidade de contaminação da região
soldada pelo cobre proveniente dos eletrodos de soldagem, que,
por sua vez, poderia contaminar o alimento. O estudo realizado no
ITAL avaliou todas essas possibilidades, criando, pela primeira vez
no Brasil, métodos de avaliação e controle de qualidade específi-
cos para esse tipo de lata. Os resultados serviram de suporte para
as indústrias que adotaram a tecnologia. Segundo Sílvia Tondella
Dantas, gerente de embalagens metálicas e de vidro do Cetea, a
introdução dessa tecnologia gerou impacto significativo na indús-
tria de alimentos no Brasil. O ITAL, que já havia feito o estudo de
desempenho, estava plenamente capacitado a prestar consultoria
e treinamentos para diversas empresas nessa tecnologia.
Foco na segurança alimentar –
Cetea avalia latas eletrossoldadas
Latas com solda tradicional à
esquerda e com eletrossoldagem
à direita
Latas eletrossoldadas e
publicação do Cetea
abordando o assunto
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