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1983 - 1994
Os anos 1980 e 1990 caracterizaram-se por grandes mu-
danças na indústria alimentícia no Brasil. Fatores como os
altos índices de inflação e a abertura do país para o comércio
internacional pressionaram fortemente o setor de alimentos
para, ao mesmo tempo, oferecer produtos mais baratos e com
algum tipo de diferencial. As indústrias tiveram que se mo-
dificar, melhorar processos, criar novos produtos, novas em-
balagens. Muitas delas vinham até o ITAL buscando formas
de adequação a esse cenário altamente competitivo, fazendo
aumentar as solicitações na área de tecnologia de ponta.
A cooperação técnica é a maneira mais eficiente de acom-
panhar as tendências mundiais da indústria agro-alimentícia.
As parcerias nacionais e internacionais perpassam toda a histó-
ria do ITAL. Desde sua criação, as parcerias, convênios e acor-
dos de cooperação técnica com pesquisadores e instituições de
dentro e fora do Brasil contribuíram para consolidar o Instituto
como uma referência nas pesquisas sobre alimentos. Na ver-
dade, a criação do ITAL foi fruto de um projeto de cooperação
técnica internacional, resultante de um convênio entre a Orga-
nização das Nações Unidas para a Alimen-
tação e Agricultura (FAO) e a Secretaria de
Agricultura do Estado de São Paulo.
Nas décadas de 1980 e 1990 conti-
nuou o esforço de aprimoramento da ca-
pacitação técnica dos pesquisadores de
todas as áreas do ITAL. Boa parte deles
passou pelos cursos de pós-graduação
em universidades brasileiras de destaque
como a Faculdade de Engenharia de Ali-
mentos (FEA), da Unicamp ou pelas Facul-
dades de Ciências Farmacêuticas e de En-
genharia Química, ambas da USP. “Esses
pesquisadores tinham um diferencial de
contar com os laboratórios e plantas-pilo-
to do ITAL para realização dos trabalhos
experimentais de suas teses”, conta Mau-
ro Faber, diretor do Instituto entre 1991
e 1994 e que também teve oportunidade
de se especializar no exterior em um con-
vênio com a Universidade de Oregon, nos
Estados Unidos. Ainda segundo ele, vários estudantes da Uni-
camp, tanto do ensino superior como do Colégio Técnico, o
Cotuca, vinham fazer estágios no ITAL, o que colaborou para
o estreitamento dos laços entre o Instituto e a universidade e,
ao mesmo tempo, propiciou a esses alunos uma visão mais
próxima das necessidades do mercado.
Na área de ensino, graças a um convênio firmado com o
Serviço Nacional da Indústria (Senai/SP), foi criado o primeiro
curso de formação de técnico de alimentos no estado de São
Paulo. “O ITAL teve uma participação decisiva nesse proces-
so. Participamos ativamente da organização e administração
do curso”, lembra Mauro Faber. “Nossos pesquisadores deram
aulas e os alunos do Senai, até 2011, tinham aulas aqui, usan-
do nossas instalações”, explica ele. “Considero essa uma das
ações mais importantes na área educacional, no ITAL, porque,
por um lado, otimizamos o uso dos equipamentos disponíveis
aqui e, por outro, criamos mão de obra de qualidade para o
mercado, em parceria com uma instituição tradicional na for-
mação de jovens no Brasil, o Senai”, acredita ele.
Cooperação técnica – uma marca do ITAL
Alunos do Senai em treinamento
em planta-piloto do ITAL