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1983 - 1994
Os dados obtidos a partir do trabalho sobre resíduos
de pesticidas e contaminantes metálicos, feito no ITAL,
permitiram recomendar, a nível governamental, medidas
visando melhorar a padronização e controle do emprego
dos defensivos agrícolas, possibilitando à legislação brasi-
leira a fixação de limites para resíduos contaminantes nos
alimentos, já que naquele momento diversos alimentos
não tinham padrões definidos pelo governo. Em relação
às empresas, o projeto possibilitou a adoção de medidas
de prevenção, visando principalmente um controle mais
adequado da qualidade das matérias-primas utilizadas.
Do ponto de vista econômico, os dados levantados pelo
ITAL permitiram evitar a rejeição de alimentos brasileiros
presentes na pauta de exportação com base dos níveis de
tolerância vigentes nos países compradores.
“O projeto foi muito importante, pois os resultados
mostraram que era preciso um maior controle nos alimen-
tos industrializados largamente consumidos pela popula-
ção, como leite em pó, margarinas,
linguiças etc. Sob esse aspecto foi
um trabalho inovador”, relata Rodri-
go Otávio Teixeira Neto, ex-diretor do
ITAL. Segundo ele, a divulgação dos
resultados em congressos científicos
e na imprensa teve grande impacto
na população, acelerando a tomada
de providências por parte das indús-
trias para melhorar seus processos.
Um problema ambiental
Além da contaminação de alimentos, o uso indiscriminado de
pesticidas resulta em sérios problemas ecológicos, uma vez que
contribuem para a destruição de insetos úteis na disseminação
de sementes e no controle natural de pragas agrícolas, para a
poluição das águas, para a intoxicação de animais e dos trabalha-
dores envolvidos na sua aplicação e manuseio. Dentre os diver-
sos tipos de pesticidas, os chamados organoclorados merecem
atenção especial devido ao fato de serem persistentes (de difícil
degradação no ambiente) e cumulativos. Além disso, são solúveis
em óleos e gorduras, podendo apresentar efeitos retardados. Em
face dessas características, os inseticidas organoclorados se acu-
mulam ao longo das cadeias alimentares, desde os organismos
planctônicos e larvas até nos peixes, passando, em seguida, às
aves aquáticas, chegando, finalmente, ao homem, que está no
topo da cadeia alimentar.
Atual Laboratório de Pesticidas do Centro de Ciência
e Qualidade de Alimentos (CCQA) do ITAL