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1983 - 1994
Com a planta-piloto os testes e estudos da produção de
leite de soja no ITAL puderam ser realizados de forma con-
tínua, mantendo-se com isso um produto uniforme, sempre
com as mesmas características de qualidade. A planta tam-
bém foi importante como uma vitrine para empresários inte-
ressados em adquirir a tecnologia. A produção contínua e em
maior quantidade também viabilizou que o leite de soja fosse
introduzido na merenda escolar da rede municipal de escolas
de Campinas, cumprindo assim o compromisso inicial do ITAL
de melhorar a qualidade nutricional da população brasileira.
Para tornar o leite de soja ainda mais agradável ao paladar
brasileiro, o ITAL trabalhou para reduzir a adstringência e ado-
tou modificações no processamento que permitiram melhorar
as características do produto, propiciando melhor aceitação
no mercado consumidor.
A tecnologia desenvolvida no ITAL também acompanhou
uma tendência da indústria de alimentos brasileira de oferecer
produtos do tipo “pronto para consumo”, os chamados “ready-
to-drink”. Por isso o leite de soja foi desenvolvido para emba-
lagens longa vida. A tecnologia de fabricação do leite de soja
foi transferida para diversas empresas, tornando-se um suces-
so de mercado, um produto feito no Brasil para os brasileiros
Leite de soja em pó
O ITAL também gerou a tecnologia para fabricação de leite de
soja em pó. Aproveitando o processo
de extração da proteína da
soja para o leite na forma líquida, pesquisadores criaram um novo
produto de ótima qualidade nutricional e custo relativamente baixo.
O leite desidratado apresenta vantagens principalmente pelo fato de
proporcionar facilidades no manuseio, transporte e conservação.
A soja além do óleo
Desde a sua criação, o ITAL pesquisa formas de introduzir na
dieta dos brasileiros produtos com alto valor nutricional. Nessa
busca, uma das áreas pioneiras é a das pesquisas para obtenção
de produtos de soja, com características que os tornem com-
patíveis com os hábitos alimentares dos brasileiros. Tradicional
na dieta de países asiáticos, como a China e o Japão, a soja
apresenta um teor proteico de aproximadamente 40%. É uma
boa fonte de vitaminas (complexo B), minerais e fibras, o que a
coloca como alimento de relevante importância na prevenção da
aterosclerose, alguns tipos de câncer e doenças crônico-degene-
rativas, além de doenças cardíacas e renais. Também é utilizada
para tratamento hormonal e no combate à obesidade.
No final da década de 1970 o Brasil já era o segundo maior
produtor de soja do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
No entanto, a proteína da soja era utilizada quase exclusiva-
mente para alimentação animal. Se hoje vemos as gôndolas
dos supermercados com várias opções de leite, sucos, carne
e diversos outros produtos à base de soja, isso se deve, em
grande parte, ao trabalho do ITAL que demonstra a capacidade
tecnológica do país para o processamento adequado da soja, de
maneira a introduzí-la na alimentação do brasileiro, melhorando
o nível de nutrição proteica da população e gerando maior apro-
veitamento econômico dessa riqueza agrícola.
Leite de soja, farinha de soja, integral ou desengordurada –
para enriquecimento de pães, biscoitos e macarrão –, proteína
texturizada para produtos cárneos como bolinhos e hambúr-
guer, soja frita ou torrada, soja preparada como feijão e molho
de soja são alguns dos produtos que podem ser feitos a partir
da soja, e que foram testados nos laboratórios do ITAL..