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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
Os primeiros trabalhos do ITAL para obter leite a partir da
soja datam dos anos de 1970. Essas pesquisas resultaram na
bebida de soja “Vital”. Para garantir sua aceitação no mercado
foram realizados diversos testes para adequar o novo produto
ao gosto do brasileiro. Diferentemente do norte-americano e
do europeu, no Brasil o leite não é consumido puro. Tomamos
leite com açúcar, café, chocolate ou outro saborizante. Por isso,
desde o começo, o Vital foi concebido com sabor e adoçado.
Buscando aproximar a nova tecnologia das necessidades
institucionais dos programas de merenda escolar, foram orga-
nizados testes de aceitação do leite de soja com 7.200 alu-
nos da rede municipal das cidades de Monte Mor, Itapeva,
Ribeirão Preto, Araçatuba e Cruzeiro, todas no estado de São
Paulo. As crianças consumiram o leite esterilizado (longa vida)
em embalagens individuais, nos sabores chocolate, baunilha,
groselha, banana, morango, coco e abacaxi. O nível de aceita-
ção chegou a 85%, em cada uma das cidades, para os sabo-
res baunilha e chocolate.
Além dos testes com leite esterilizado, também foram con-
duzidos testes de aceitabilidade do leite de soja pasteurizado,
que, embora tenha um custo menor do que o esterilizado,
necessita de armazenamento com refrigeração. O leite pas-
teurizado atende outro segmento do mercado como restauran-
tes industriais, hospitais, entidades assistenciais etc. Nesses
testes, do qual participaram empresas de grande porte, uma
escola do exército e instituições assistenciais, o produto al-
cançou aceitação de 81%, resultado considerado excelente,
uma vez que envolveu basicamente adultos (um total de 1,2
mil pessoas), em geral, mais resistentes a produtos novos do
que as crianças.
Alunos da rede pública de ensino foram responsáveis
por avaliar o leite de soja desenvolvido no ITAL
Desenvolvido inicialmente em função das necessidades dos
programas de merenda escolar, o leite de soja gerou rapidamen-
te uma procura considerável de outros segmentos do mercado.
Isso porque, além dos benefícios nutricionais, o leite de soja
configurou-se como uma opção para substituir o leite de vaca
porque pode ser formulado com o mesmo conteúdo de prote-
ínas (3,0 a 3,5%). Além disso, tem menos gordura que o leite
bovino e não possui lactose, o açúcar natural do leite, por isso
pode ser consumido por pessoas que têm intolerância à lacto-
se, que precisam substituir o leite e seus derivados na dieta.
Assim, em outubro de 1982, foi assinado o contrato que
estabeleceu a parceria entre a TetraPak e a Secretaria de Agri-
cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo para implan-
tar uma unidade industrial no ITAL para produzir leite de soja.
A planta instalada no ITAL, em uma parceria com a empresa
Tetra Pak, tinha capacidade de produzir e empacotar 20 mil
litros de leite de soja por semana. Não havia nada parecido no
mercado. As pessoas com problemas de alergia à lactose vi-
nham até o ITAL comprar o leite, único lugar onde era possível
encontrar o novo produto.
Vital – o primeiro leite de soja do país