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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
A transformação do Centro em uma entidade maior levou
o conselho coordenador a sugerir que fosse adotado o sistema
de autarquia, que por sua vez garantiria uma maior autono-
mia administrativa e financeira ao CTPTA.
A ideia de autarquia já havia sido proposta desde a forma-
ção do CTPTA, inspirada nos modelos de organização encon-
trados por André Tosello nos centros e institutos de pesquisa
em tecnologia de alimentos visitados em sua viagem à Europa
em 1963.
A justificativa para o sistema autárquico era a de que en-
tre os compromissos assumidos pelos governos federal e esta-
dual com a FAO à época, estava o de implantação do CTPTA
como um centro permanente, autônomo administrativa e fi-
nanceiramente, destinado a evoluir as técnicas e métodos de
armazenamento e industrialização de alimentos.
Havia, inclusive, o receio de que ao não cumprir essa su-
gestão, ao término da vigência do convênio em dezembro de
1969, a FAO poderia decidir pela transferência de todo o
patrimônio adquirido por meio do convênio, para outro local.
Outro argumento forte para a adoção do sistema de au-
tarquia era a especificidade da atividade fim do CTPTA, um
centro dedicado à pesquisa industrial, ou seja, ao atendimen-
to do setor empresarial. Duas características importantes da
pesquisa industrial são: 1) a utilização restrita dos resulta-
dos, empregados com exclusividade ou, em alguns casos, por
indústrias que trabalhem com o mesmo objeto da pesquisa;
2) a garantia de que o know-how é patrimônio da empresa
porque, de modo geral, o interessado em desenvolver tecno-
logias na área de alimentos financia a pesquisa, mas deseja
ter em seguida exclusividade para explorar os resultados. Tal
premissa só é factível em organizações públicas configuradas
com maior autonomia financeira e administrativa.
Todas as relações com outros países na execução de pro-
jetos, no financiamento da pesquisa, realização de eventos
poderiam ser agilizadas caso houvesse a mudança para autar-
quia, tornando a estrutura do Centro mais próxima da realida-
de da indústria, ou melhor, de várias indústrias.
O parecer do relatório de atividades do CTPTA relativo
ao ano de 1965 destaca o intenso trabalho que estava sen-
do realizado, não apenas em relação às pesquisas na área
de tecnologia de alimentos, mas também ao atendimento
do setor empresarial e agrícola, ao estabelecimento de re-
lações de trabalho em equipe, imprescindível ao andamen-
to de uma organização que pretende seguir crescendo. O
parecer destaca ainda treinamento a especialistas e técni-
cos no setor.
O documento, no entanto, volta a tratar da necessida-
de de administração mais livre de obstáculos anacrônicos,
com autonomia para tomar decisões. Instituições de pes-
quisa como o CTPTA, que possuía uma diversidade de plan-
tas-piloto e laboratórios, além de uma grande quantidade
de máquinas, equipamentos, utensílios, matérias-primas,
reagentes e outros produtos, precisaria solucionar proble-
mas com rapidez e com liberdade no gerenciamento dos
recursos para garantir o andamento das atividades, sem
interrupções. Infelizmente, o documento não foi aprovado
e o Instituto continuou a ser administrado pelo sistema
adotado anteriormente.
Modelo de autarquia era o
recomendável para o ITAL