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nador da Apta, no que diz respeito a essa questão, a Agência
ainda se encontra muito dependente do orçamento do Estado
e não consegue, por conta do modelo de gestão, ir além dos
35% de captação junto a agências de fomento e parcerias
com a iniciativa privada.
Pensando nas possibilidades de instituição de um novo
modelo de gestão, Orlando Melo de Castro destaca a criação
de uma subsidiária que poderia funcionar como um braço da
Apta para tratar das questões junto à iniciativa privada, dos
contratos, parcerias, da disponibilização de tecnologias, pro-
dutos patenteados. Esta seria uma forma de dar agilidade es-
pecialmente ao relacionamento com a iniciativa privada, tanto
para projetos quanto para a exploração de produtos e servi-
ços. A proposta sugerida pelo coordenador da Apta é relevante
para o ITAL na medida em que, como ele mesmo destaca, de
todos os institutos da Agência, o ITAL é o que apresenta uma
interface mais forte com a iniciativa privada.
Várias pesquisas (CROWN; BOZEMAN, 1998), por sua vez,
ressaltam as dimensões que devem ser consideradas nos pro-
cessos de reorganização dos institutos públicos de pesquisa:
a diversificação das fontes e mecanismos de financiamento da
pesquisa, impulsionada principalmente pelas restrições orça-
mentárias do Estado; a redefinição dos espaços da pesquisa
pública a partir de uma redefinição dos atores, dos espaços e
dos papéis por eles desempenhados nos sistemas de pesquisa
e inovação; a redefinição das formas de interação e coorde-
nação entre as organizações públicas de pesquisa e demais
atores que compõem os sistemas de pesquisa e inovação (es-
pecialmente com a indústria); a compreensão das dinâmicas
setoriais e disciplinares nas quais atuam; a reconciliação do
compromisso público (abalado pelo distanciamento entre as
demandas públicas e o mandato institucional) e novas rela-
ções contratuais com o Estado (ampliando o emprego de me-
canismos de avaliação e controle e as prerrogativas na gestão
de recursos financeiros e humanos); o planejamento estratégi-
co que visa à determinação de metas e prioridades nacionais
(especialmente pelo emprego de mapas de tendências de mer-
cado e tecnológica); a adoção de estruturas de monitoramento
e avaliação das iniciativas dos institutos públicos de pesquisa
e as reformas e mudanças na gestão de recursos humanos.
Modificações no modelo jurídico-institucional configuram-
se, portanto, como um desafio central para o futuro dos insti-
tutos de pesquisa. Flexibilidade e agilidade na administração
dos recursos humanos e na celebração de contratos e convê-
nios com o setor privado e agências públicas de fomento são
elementos considerados pilares fundamentais na administração
dessas instituições, como o ITAL, para que possam intensificar
suas linhas de pesquisa, promovendo inovações tecnológicas
que continuem a contribuir para o desenvolvimento da indústria
brasileira, num cenário, como já foi dito, que coloca o Brasil
como o país que deverá atender, nos próximos anos (até 2020),
cerca de 40% da demanda mundial por alimentos.
Referências
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