233
Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
Segundo os estudos da Agência Brasileira de Desenvolvi-
mento Industrial (AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVI-
MENTO INDUSTRIAL - ABDI, 2011) o maior desafio da eco-
nomia brasileira para os próximos anos é o de sustentar o
crescimento do país, enfrentando a competição nos mercados
globais e fortalecendo competências empresariais que propi-
ciem avanços tecnológicos em setores estratégicos.
Nesse ínterim, não se pode menosprezar a importância
das micro e pequenas empresas para o setor de alimentos, be-
bidas e embalagens, avalia Paulo Skaf (2012), presidente da
Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp e Ciesp), do Serviço Social da Indústria de São Paulo
(Sesi-SP), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de
São Paulo (Senai-SP) e do Instituto Roberto Simonsen.
“As micro e pequenas indústrias representam 90% das
mais de 41 mil indústrias de alimentos em todo o país, e em-
pregam cerca de 30% dos mais de 1,7 milhão de trabalha-
dores do setor, segundo o IBGE. São números que expres-
sam sua importância para o Brasil em termos econômicos e
sociais”, destaca Skaf. Para o empresário, a forte presença
dessas empresas na economia nacional coloca a necessidade
de se cobrar políticas públicas de estímulo à inovação e à
competitividade: “Existe uma realidade mundial sobre a qual
não temos influência. Somos impotentes quanto à economia
dos países desenvolvidos. Temos que focar no Brasil. Quanto
mais preparados estivermos, ficaremos mais resistentes para
enfrentar crises e aproveitarmos o desenvolvimento”.
Um dos principais desafios futuros do ITAL, portanto, é o
de manter-se competitivo e, assim, colaborar com o aumento
da competitividade da indústria nacional – especialmente das
pequenas e médias empresas – tanto no mercado internacio-
nal quanto no mercado interno de bens de consumo.
“A atuação do ITAL é estratégica para que as indústrias,
em especial as micro e pequenas, encontrem, através dos
centros de pesquisa do Instituto, soluções inovadoras para os
vários desafios que teremos pela frente. Nesse sentido, desta-
co o monitoramento permanente das tendências de consumo
e os seus reflexos nos diferentes elos da cadeia produtiva de
alimentos”, sublinha Paulo Skaf, ao lembrar, ainda, que foi
justamente com esse foco que a Fiesp e o ITAL desenvol-
veram uma parceria em torno do projeto Brasil Food Trends
2020, que aborda as novas demandas do consumidor brasilei-
ro e as tendências para os ingredientes, produtos, processos
e embalagens. “Trata-se de uma iniciativa importante para
prover informações estratégicas, em especial para aquelas
empresas que não possuem estrutura para monitorar as cons-
tantes transformações desse mercado”, destaca o empresário.
Quando muitas empresas passam a oferecer produtos e
serviços parecidos, a competição aumenta. Torna-se necessá-
rio investir, assim, na diferenciação, na capacidade de ofertar
não apenas produtos e serviços bastante qualificados, mas em
tempo menor, com custo mais baixo, menos burocracia, ou
seja, de forma mais ágil e impactante.
“Isso faz a diferença. Os que não conseguem isso per-
dem importância. E perdem importância porque a sociedade
pressiona”, avalia Sérgio Salles-Filho (2012), professor e pes-
quisador do Departamento de Política Científica e Tecnológica
(DPCT), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
ao lembrar que esse desafio competitivo teve início ainda na
década de 1980, quando algumas instituições de destaque na
sociedade perderam a relevância. Por isso, para Salles-Filho
(2012), todas as instituições de pesquisa, desenvolvimento
e inovação na área de serviços industriais precisam enfren-
tar “um cenário fervilhante de busca pelo conhecimento e a
emergência constante de novos atores”. O cenário da pesqui-
sa, desenvolvimento e inovação mostra-se, portanto, cada vez
mais competitivo.
“Os institutos públicos de pesquisa são vitais para o es-
forço tecnológico do país, assim como as universidades e as
empresas que compõem o chamado sistema de inovação. São
responsáveis por realizar uma importante intermediação com
o mercado”, afirma Carlos Américo Pacheco, reitor do Institu-
to Tecnológico de Aeronáutica (ITA), professor do Instituto de
Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
ex-secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Pacheco ressalta que em países como Estados Unidos,
Alemanha e Coreia do Sul pode-se encontrar essa configura-
ção que conta com os institutos públicos de pesquisa como
intermediadores, responsáveis por transferir tecnologia às
cadeias produtivas. Destaca, ainda, a importância da intera-
ção entre diversos atores para o fortalecimento do sistema
de inovação. Num artigo escrito conjuntamente com Carlos
Henrique Brito Cruz, diretor científico da Fapesp e ex-reitor da
Unicamp, Pacheco descreve a configuração do sistema paulis-
ta de inovação do qual o ITAL faz parte:
“Além dos institutos tecnológicos, em geral, públicos,