ITAL 50 Anos - page 71

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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
Em 1979, Renato Sérgio Papini, engenheiro agrônomo
pela Esalq/USP e com especialização em tecnologia de ali-
mentos na Universidade da Califórnia - Davis, EUA, assume a
diretoria do ITAL, em substituição a Ágide Gorgatti Netto, que
foi designado diretor da Embrapa.
Renato Sérgio Papini,
diretor do ITAL
(1979-1983)
Renato Sérgio Papini assume a diretoria do ITAL
Brasil mais doce
Adoçantes (ou edulcorantes) são aditivos alimentares de
sabor extremamente doce, utilizados em alimentos e bebi-
das industrializados para substituir total ou parcialmente o
açúcar. Atualmente são largamente utilizados no Brasil, tanto
como adoçantes de mesa, para adoçar alimentos e bebidas,
quanto na alimentação de pessoas que precisam fazer dietas
com restrição de açúcar, como os diabéticos. O que poucas
pessoas sabem é que, até 1986, não havia adoçantes e exis-
tiam poucas opções de alimentos dietéticos no Brasil. Isso
se devia, entre outras razões, ao fato de, naquela época, não
existirem adoçantes liberados para o consumo.
O primeiro edulcorante aprovado pelo Ministério da Saú-
de para ser utilizado em alimentos e bebidas foi o estevio-
sídeo, adoçante natural não-calórico que foi desenvolvido
no ITAL. “Em 1974, quando eu era pesquisador científico e
chefe da Seção de Glicídeos do
ITAL, recebi uma consulta sobre
a Stevia rebaudiana Bertoni, uma
planta arbustiva e perene, natu-
ral do Paraguai, cujas folhas e
caule contêm um edulcorante, o
esteviosídeo, cerca de 200 vezes
mais doce que o açúcar de mesa”,
relembra Eidiomar Angelucci.
Aquela consulta acabou se trans-
formando no tema da tese de dou-
toramento de Angelucci, “O este-
viosídeo de plantas brasileiras de Stevia rebaudiana Bertoni
e a potencialidade de seu emprego em alimentos. Ensaio em
formulações hídricas e cabonatadas”, defendida em 1979, na
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.
O objetivo da pesquisa foi estudar o esteviosídeo, edulco-
rante natural presente na Stevia rebaudiana Bertoni. Folhas
e caules de plantas brasileiras apresentaram 5,12 % de es-
teviosídeo bruto que, após extração e purificação, resultou
em 74 % de rendimento em edulcorante puro. “O principal
desafio até chegar a um produto final foi minimizar o sabor
residual indesejável do estevisídeo”, conta Angelucci. “Isso foi
contornado misturando o adoçante natural com outros edulco-
rantes”, complementa. O resultado da pesquisa desenvolvida
no ITAL foi a criação, pela primeira vez no Brasil, de um ado-
çante natural para ser comercializado no mercado, atendendo
a necessidade de um consumidor que, devido a problemas es-
téticos ou de saúde, necessita substituir o açúcar comum por
adoçantes, naturais ou artificiais, com sabor parecido ao da
sacarose e com baixo ou nenhum valor calórico.
O adoçante feito a partir da stévia foi liberado pelo Minis-
tério da Saúde em 1986. “Isso foi fundamental porque, após
a liberação do esteviosídeo a indústria de alimentos e bebi-
das dietéticas no Brasil desabrochou”, acredita Angelucci. O
adoçante de stévia abriu caminho para a entrada de outros
edulcorantes no mercado como a sacarina, o ciclamato, o as-
partame e o acesulfame-K, hoje largamente utilizados pelas
empresas que fabricam refrigerantes e alimentos dietéticos.
Resumos do Primeiro Seminário
Brasileiro sobre Stevia, em 1981
1...,61,62,63,64,65,66,67,68,69,70 72,73,74,75,76,77,78,79,80,81,...255
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