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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
A Sociedade Brasileira de Ciência e
Tecnologia de Alimentos (sbCTA)
A década de 1960 marca a institucionalização da pesqui-
sa e formação em ciência e tecnologia de alimentos no Brasil,
processo imprescindível para a constituição da agroindústria
de alimentos no país.
Historicamente, poucas empresas brasileiras do setor ali-
mentício tiveram atividades de pesquisa e desenvolvimento
de tecnologias. Ao longo do século XX, o setor foi marcado
pela atuação de empresas de pequeno porte e capital nacio-
nal, com baixa diferenciação de produtos e atuação local. Tais
características predominaram até meados dos anos 1980.
Nesse contexto, as instituições públicas de pesquisa e de-
senvolvimento, como o ITAL, foram extremamente importan-
tes para assistir, científica e tecnologicamente, as empresas
agroindustriais no Brasil e para a configuração de um sis-
tema agroindustrial, com o desenvolvimento de tecnologias
associadas à produção e transformação de materiais. A trans-
ferência de tecnologia, enquanto deslocamento de conheci-
mentos tecnológicos, envolve produtos, processos e serviços,
e também a mobilização de indivíduos e organizações, sendo
marcada pela multidimensionalidade. Ela inclui a imagem da
organização de P&D, a disponibilidade da tecnologia a ser
transferida, informações sobre as características da tecno-
logia gerada, o capital necessário para o aproveitamento da
tecnologia, o envolvimento do usuário potencial da tecnologia
no projeto de pesquisa, o interesse por parte do usuário e
a motivação do pesquisador na transferência da tecnologia
(CRIBB, 2009).
O desempenho do setor agroindustrial de alimentos de-
pende, portanto, da sua capacidade de absorção dos resul-
tados de P&D, envolvendo múltiplos fatores. “No setor agro-
alimentar, as organizações públicas de P&D imbuídas da
importância de tal capacidade para o processo de transferên-
cia tecnológica, se empenham não apenas na geração de tec-
nologias, mas também na assistência e capacitação técnica
de seus clientes, beneficiários e parceiros (...)” (TILKIAN,
1990, p. 92).
Tal perspectiva da transferência de tecnologia coaduna-
se com a importância dada pelo ITAL, desde sua origem, às
atividades de capacitação e treinamento. Esse objetivo trans-
parece na realização de cursos de curta duração, seminários
e estágios.
“A capacitação era considerada uma das formas de fa-
zer chegar aos usuários, com grande rapidez e atualidade, os
mais recentes avanços tecnológicos resultantes das ativida-
des de pesquisa e desenvolvimento da instituição” (SILVA,
2000, p. 149).
A capacitação e o treinamento fazem parte dos principais
objetivos do ITAL, definidos ainda em seus primórdios. Nesse
sentido, duas iniciativas relevantes tanto para a capacitação
quanto para a própria ampliação da perspectiva a respeito do
treinamento – com a valorização conjunta do ensino e da pes-
quisa em ciência e tecnologia de alimentos – fizeram parte
do fortalecimento da agroindústria de alimentos no Brasil: a
criação de uma das principais sociedades científicas do país,
a Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos
(sbCTA) – que nasce no ano de 1967 por iniciativa de André