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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
O Brasil possui atualmente um dos maiores setores indus-
triais de alimentos e bebidas do mundo. Segundo os estudos
do FoodDrink Europe (DATA & TRENDS, 2012), em termos
de comercialização, perde apenas para a União Europeia, os
Estados Unidos, a China e o Japão, sendo avaliado como um
grande líder de vendas, ocupando o terceiro lugar em exporta-
ções. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Ali-
mentação (Abia), o valor das exportações de alimentos atingiu
US$ 44,8 bilhões, e as importações US$ 5,9 bilhões, geran-
do um saldo positivo na balança comercial em 2011 de US$
38,9 bilhões (ABIA, 2012). Os dados de 2012 mostram uma
exportação de US$ 43,4 bilhões, uma importação de US$
5,6 bilhões e saldo positivo de US$ 37,8 bilhões.
Entretanto, tais vendas são, em sua maioria, de produtos
alimentícios com processamento mínimo (commodities agroin-
dustriais: carnes, suco de laranja, açúcar e farelo de soja, por
exemplo). Os setores que se destacaram em faturamento na
indústria brasileira de alimentos em 2012, segundo os dados
da Abia, foram os de carne e derivados (R$ 86,9 bilhões), o
de bebidas (R$ 78,0 bilhões), café, chá e cereais (R$ 46,7 bi-
lhões), laticínios (R$ 41,8 bilhões) e óleos e gorduras (R$ 40,1
bilhões). O faturamento da indústria alimentícia brasileira em
2012 foi quase 1,5 vezes maior do que em 2009, somando R$
291,6 bilhões em 2009 e R$ 426,7 bilhões em 2012.
A necessidade de ampliar a exportação de alimentos e be-
bidas processadas de maior valor agregado é um dos desafios
que o ITAL identifica como vitais para o futuro do setor no
Brasil. Somente deste modo, o país poderá concorrer com os
países estrangeiros, que têm apostado em produtos com alta
tecnologia para atender às novas tendências mundiais.
O setor alimentício brasileiro é considerado estratégico
para a economia do país e para a produção de alimentos no
mundo. Em 2012 eram mais de trinta e cinco mil empresas
e cerca de 1 milhão e 700 mil trabalhadores na indústria de
alimentos e bebidas, sem levar em conta as padarias (THE
BRASILIAN..., 2012). Segundo esse estudo, realizado pela
Abia, o setor encontra-se concentrado nas micro e pequenas
empresas, que somam 94,6% das indústrias do país (81,1%
micro e 13,5% pequenas), sendo que as médias e grandes
representam apenas 5,4%. O futuro do setor de alimentos e
bebidas brasileiro passa pelo crescimento e desenvolvimento
das micro e pequenas empresas. Essas empresas são con-
sideradas espaços privilegiados para o surgimento e desen-
volvimento de produtos e processos inovadores, desde que
encontrem apoio para pesquisa e desenvolvimento.
Todos os modelos internacionais para os países que
se destacam na produção e exportação de alimentos
e bebidas indicam que o setor só terá um desempe-
nho satisfatório se investir em: 1) Pesquisa, desenvol-
vimento e inovação; 2) ajuste dos marcos regulatórios
do país. No caso do Brasil, com o investimento nesses
aspectos da política industrial, será possível fazer com
que as micro e pequenas empresas atuem em nichos
especializados e consigam um desempenho adequa-
do, tanto para o mercado interno quanto o de exporta-
ção. E é na inclusão tecnológica das micro e pequenas
empresas que o ITAL poderá dar uma de suas colabo-
rações mais importantes nos próximos anos.
Luis Fernando Ceribelli Madi
Diretor do ITAL
Devido ao investimento em pesquisa, desenvolvimento e
inovação, a agricultura brasileira teve um aumento na produ-
ção de grãos de 77 milhões toneladas em 1998, para 184
milhões toneladas em 2012 (CONAB, 2012). Entretanto, a
indústria de alimentos e bebidas não acompanhou o cresci-
mento da produção agrícola. Os estudos do Departamento de
Competitividade e Tecnologia (Decomtec), da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), mostram que en-
tre 1998 e 2006 a produção industrial de alimentos cresceu
apenas 0,6%, e entre 2006 e 2010 cresceu 8,5% (ANÁLISE,
2009). Esse crescimento, entretanto, inibe a competição com
os principais exportadores mundiais – União Europeia, Esta-
dos Unidos e China – deixando o país em desvantagem.
As informações disponíveis indicam a urgente necessida-
de da criação de novas formas de articulação entre governo,
instituições de pesquisa e setor produtivo para a promoção
de um efetivo crescimento da indústria alimentícia brasileira,
baseado na inovação tecnológica.
ITAL investe no apoio a micro, pequenas
e médias empresas