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Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
Com a eleição de Franco Montoro, em 1982, criaram-se
condições para que o diretor do ITAL também passasse a ser
escolhido com a participação dos pesquisadores. Foi assim
que, em 1983, Rodrigo Otávio Teixeira Neto, engenheiro de
alimentos pela FEA/Unicamp e mestre pelo MIT – Massachus-
setts Institute of Technology dos Estados Unidos, teve seu
nome confirmado pelo secretário de Agricultura e Abasteci-
mento, José Gomes da Silva, como diretor do Instituto.
Nesse período se intensificam no ITAL, e em outros insti-
tutos de pesquisa do estado de São Paulo, as reivindicações
para que fosse retomada a carreira de pesquisador científico,
nos moldes do que acontecia nas universidades paulistas, e
para a criação da carreira para o pessoal de apoio.
No cenário internacional o Brasil, antes classificado pela
ONU como país subdesenvolvido, passa a ser um país em de-
senvolvimento. Isso restringiu o fluxo de recursos financeiros
que chegavam via agências internacionais, incluindo a Food
and Agriculture Organization (FAO), tornando ainda mais agu-
das as restrições de orçamento impostas pelo governo do es-
tado e pela inflação.
Rodrigo Teixeira Neto assume
a diretoria do ITAL
Rodrigo Otávio Teixeira Neto,
diretor do ITAL
(1983-1989)
O processo de industrialização do Brasil está ligado à histó-
ria da indústria de alimentos brasileira. Na verdade a experiência
capitalista e empresarial em nosso país teve e tem como um de
seus alicerces a produção de alimentos. Assim, em 1980, apesar
de ter um percentual menor em valor bruto agregado no conjunto
da indústria brasileira, em comparação com as indústrias de pro-
dutos químicos, farmacêuticos e de produtos de higiene pessoal,
a produção de alimentos era uma das quatro principais indústrias
no país. Mas, se até a década de 1980 essa indústria estava
assentada em capital nacional e em empresas de pequeno porte,
a partir de meados dos anos 1980 o parque industrial da produ-
ção de alimentos inicia um processo de intensa reestruturação,
passando a ser a arena competitiva de grandes empresas, muitas
das quais multinacionais
(BIRCHAL, 2004)
.
Segundo definição do IBGE, o valor agregado (ou adicio-
nado) é a contribuição ao produto interno bruto pelas diversas
atividades econômicas
1
. Quanto maior a geração de valor agre-
gado por uma indústria, maior a sua importância na economia
de um país. Conforme a tabela a seguir, no período de 1980 a
1992, o setor de alimentos ganha importância no cenário eco-
nômico brasileiro, aumentando sua participação de 10% para
13,6%. Outros setores importantes como o de metalurgia e o
têxtil assistem a estagnação de sua participação. Isso se deve
ao cenário de alta inflação e retração da atividade industrial no
país na década de 1980. A indústria de alimentos, no entanto,
consegue manter um crescimento estável. Além da atividade
econômica, há que se destacar o papel desse setor na criação
e manutenção de empregos.
1
É obtido pela diferença entre o valor bruto de produção do ano (t) e o consumo
intermediário do ano (t), ambos a preços do ano anterior (t-1), em relação ao valor
corrente do valor bruto da produção do ano (t-1) e do valor corrente do consumo
intermediário do ano (t-1), absorvido por essas atividades. (Fonte: IBGE - http://
seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=ST41)
Indústria de alimentos no Brasil