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1983 - 1994
Entre 1983 e 1994 o ITAL entra em outro momento de
sua trajetória. É uma fase marcada pelo retorno da demo-
cracia ao país, mas também por grande instabilidade e es-
tagnação econômica, fatores que refletiram fortemente nas
atividades do Instituto.
No dia 15 de março de 1983, André Franco Montoro as-
sume o governo do estado de São Paulo como o primeiro go-
vernador eleito diretamente pelo povo, depois do golpe militar
de 1964. Com a reorganização da máquina do Estado, assu-
miu a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, José Gomes
da Silva. A Coordenadoria de Pesquisa Agropecuária (CPA), a
qual o ITAL estava subordinado, passou a ser comandada pelo
engenheiro agrônomo Nelson Batista Martins, pesquisador do
Instituto de Economia Agrícola (IEA).
Os altíssimos índices de inflação corroíam o orçamento do
Instituto, além de gerar alta evasão de pesquisadores e de
pessoal de apoio técnico.
Também foi um período em que aconteceram mudanças
importantes no perfil da indústria alimentícia brasileira que
assistia a um processo de concentração de suas atividades
nas mãos de poucas empresas e, ao mesmo tempo, passava a
ter maior participação de capital estrangeiro.
Nesse contexto, a diferenciação no escopo de produtos ga-
nha importância, suscitando pesquisas para melhorar proces-
sos e desenvolver novos alimentos, embalagens, sabores etc.
Inovação é uma palavra-chave nessa fase em que demandas
externas colocam novos desafios para as instituições públicas.
Internamente o ITAL já sentia a necessidade de mudan-
ças estruturais que pudessem agilizar os contatos e parcerias
com empresas e outras instituições. Na década de 1980 e
início dos anos 1990 importantes acordos foram firmados,
tanto com agências de fomento brasileiras quanto com insti-
tuições internacionais, garantindo a concretização de projetos
e abrindo caminho para mudanças organizacionais que gera-
riam resultados significativos a partir da segunda metade da
década de 1990.
Para concretização dessas mudanças foi fundamental a
atuação da Fundepag, Fundação de Desenvolvimento da Pes-
quisa do Agronegócio
,
criada em 1978, a partir de um movi-
mento dos diretores dos institutos de pesquisa do estado de
São Paulo, apoiados pelo então secretário de Agricultura, Pau-
lo da Rocha Camargo. A Fundação, sem fins lucrativos e com
autonomia administrativa e financeira, reuniu representantes
de várias áreas do setor agropecuário. Seu objetivo era somar
esforços do Estado e da iniciativa privada, com o propósito de
desenvolver a ciência e a tecnologia aplicadas às atividades
agroindustriais. A reformulação dos estatutos da Fundepag,
em meados da década de 1980, conferiu maior agilidade à
execução dos projetos em parceria com a iniciativa privada e
promoveu forte impacto no desenvolvimento de inovações na
indústria de alimentos.
Novos processos e novos produtos surgiram a partir dos
laboratórios do ITAL. Foram contratos de consultoria, super-
visão e desenvolvimento tecnológico, nesse período, entre os
quais se destacam o leite de soja, o adoçante à base de stevia,
as técnicas para desidratação de frutas, o suco de laranja pas-
teurizado e um programa para medir contaminantes físicos,
químicos e microbiológicos nos alimentos.
Redemocratização e crise econômica
A década de 1980 é marcada por grande efervescência política que culmina no retorno da
democracia ao país após vários anos de ditadura militar. Além disso, o Brasil vive grave crise
econômica. Esse cenário traz importantes reflexos para a organização interna do ITAL e, ao
mesmo tempo, coloca grandes desafios tecnológicos para o Instituto, desafios que se traduzem
em inovações de processo e em novos produtos para a indústria alimentícia brasileira.
