13
Ciência, Tecnologia e Inovação a Serviço da Sociedade e da Indústra Brasileira de Alimentos
importância do desenvolvimento do setor, a exemplo do que
já ocorria nos países desenvolvidos.
No mesmo ano, foi encaminhado à Assembleia Legislativa
o Projeto de Lei nº 1038, propondo a criação do Instituto de
Tecnologia Agrícola, que seria instalado em Jundiaí (SP), com
o objetivo de realizar estudos sobre o preparo e processamen-
to de produtos agrícolas; intensificar as pesquisas em micro-
biologia industrial; realizar estudos químicos e bioquímicos
de interesse tecnológico; colaborar com os demais órgãos da
Secretaria de Agricultura na solução de problemas tecnoló-
gicos do estado; dar orientação e assistência técnica aos ór-
gãos encarregados do fomento agrícola; proporcionar cursos
de aperfeiçoamento e estágios e colaborar, como instituição
complementar da universidade, com o ensino universitário na
área, que até então não era oferecido em nenhuma instituição
brasileira. Os ganhos com a pesquisa em processamento de
alimentos iriam benefi-
ciar não apenas o setor
industrial, mas também
o produtor rural, que
poderia contar com um
novo mercado de absor-
ção de matéria-prima vin-
da da atividade agrícola,
reduzindo a dependên-
cia dos grupos dominan-
tes na comercialização
dos produtos in natura.
O projeto, porém,
não foi aprovado, mas
serviu como base para
a discussão, no âmbito
da Secretaria de Agri-
cultura, sobre a necessidade de se dar mais atenção a essa
área que iria oferecer subsídios importantes para o desenvol-
vimento da agroindústria nacional. Havia um conjunto de
argumentos importantes para a criação de uma instituição
que congregasse essas atividades, entre eles a oportunidade
de realizar estudos sobre a melhoria da qualidade do café
brasileiro, do aproveitamento dos óleos vegetais, controle dos
microrganismos na agricultura, conservação e industrializa-
ção dos produtos agrícolas. Estas eram algumas das questões
urgentes.
Outro incentivo veio do II Congresso Pan-Americano de
Agronomia, realizado em Águas de São Pedro (SP), em março
de 1954. Durante o Congresso, os participantes aprovaram,
por unanimidade, a sugestão para a criação de organizações
de processamento de alimentos nos moldes das existentes
nos Estados Unidos, apontadas como eficientes na solução
do desperdício e na melhoria da produção agrícola e indus-
trial. Essas organizações poderiam promover o intercâmbio
entre seus técnicos para a resolução conjunta de problemas
básicos das Américas e do mundo (TEIXEIRA; TISSELI,
1991, p. 8).
Embora a criação de um instituto não tivesse sido viabi-
lizada, a atuação da Seção de Tecnologia Agrícola na área
da tecnologia de alimentos teve êxito. Nos anos de 1955 e
1956, por meio de um convênio com o Ibec Research Insti-
tute – ligado à Fundação Rockfeller –, o IAC recebeu o pro-
fessor do Departamento
de Tecnologia de Alimen-
tos da Universidade da
Califórnia, em Davis, Dr.
Sherman Leonard, como
consultor nos programas
de pesquisa sobre a tec-
nologia do café. Sob sua
orientação, foi instalado
o Laboratório de Análise
Sensorial, o primeiro do
país. As pesquisas in-
cluíam aspectos como a
influência da colheita e
também da temperatura,
durante o processo de se-
cagem do café, na quali-
dade da bebida. Diferentes amostras foram analisadas no
novo laboratório e submetidas a degustadores selecionados
e devidamente treinados, constituindo-se, assim, uma nova
área de pesquisas no Instituto.
As pesquisas na área do café renderam aos engenheiros
agrônomos, Manoel de Barros Ferraz e Ary de Arruda Veiga,
a outorga do prêmio “Luiz Vicente de Souza Queiroz”, em
1956, pelo trabalho relativo à secagem de café. No ano se-
guinte, uma palestra de Veiga proferida no Conselho de Polí-
tica de Agricultura retomava o tema da criação de um instituto
Lavoura de café da Fazenda Santa Eliza,
local onde foi construído o ITAL