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1963 - 1983
Para o desenvolvimento das atividades planejadas, algu-
mas seções foram criadas no IAC como a de Bacteriologia e
Indústrias de Fermentação e a de Química Agrícola e Tecno-
lógica que, em 1942, foi transformada na Seção de Química
Mineral. No entanto, o setor dispunha de uma infraestrutura
precária em termos de laboratórios e recursos escassos para
a realização de pesquisas de processamento de produtos
agrícolas, o que fazia com que os experimentos realizados
não pudessem ser reproduzidos em escala industrial. Era
possível apenas fornecer indicações sobre as possibilidades
de processamento das matérias-primas que vinham sendo
investigadas.
Havia também a dificuldade em relação aos profissio-
nais que se dedicavam a essa atividade. Por ser uma área
em ascensão no Brasil, apenas um pequeno número de pes-
quisadores tinha especialização para atuar em um campo de
conhecimentos de alta complexidade como o que estava se
constituindo. No país, a primeira cadeira de ensino relati-
vo à área de alimentação data de 1911, na Faculdade de
Farmácia e Bioquímica da Universidade de Ouro Preto, mas
em relação à ciência e tecnologia de alimentos mais espe-
cificamente, a primeira disciplina fez parte do programa de
tecnologia agrícola, da Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”, localizada em Piracicaba, interior de São Paulo,
a partir de 1933 (SILVA, 2000).
Logo veio o reconhecimento da necessidade de se investir
na implantação de um programa mais consistente no campo
da tecnologia agrícola e na formação dos profissionais que fa-
ziam parte do corpo de pesquisadores do IAC. Em 1947, um
grupo de técnicos do Instituto e de outras unidades da Se-
cretaria de Agricultura foi autorizado a viajar para os Estados
Unidos para se especializar em diversas áreas relacionadas à
tecnologia de alimentos (TEIXEIRA; TISSELI, 1991), entre
elas: fermentação, indústria de laticínios, industrialização de
vegetais (conservas), industrialização e manipulação de fari-
nhas. Essa especialização foi custeada com recursos do go-
verno do estado de São Paulo, liderado por Ademar de Barros.
Os investimentos com a especialização de pesquisadores
para atuar na área de alimentos no Brasil viria a ser a tônica
dos institutos de pesquisa científica e tecnológica resultando
na formação de massa crítica importante para o setor.
Em 1954 foi criada no IAC a Divisão de Solos, Mecâni-
ca Agrícola e Tecnologia, que deveria cuidar das questões
ligadas diretamente ao processamento da produção agrícola
e não às pesquisas voltadas
ao melhor aproveitamento
de matérias-primas. Entre-
tanto, os técnicos da antiga
Seção de Tecnologia Agrí-
cola, principalmente após
a especialização realizada
no exterior, e conscientes
de que a tecnologia de ali-
mentos era uma poderosa
ferramenta para promover o
desenvolvimento econômi-
co paulista e nacional, por
meio de uma valorização da
produção agrícola, insisti-
ram em ver reconhecida a
Evolução institucional
Edifício central da Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, na década de 1900