Alimentos Industrializados
29 o mito do alimento “ultraprocessado” Alimentos Industrializados Ocorre uma grande confusão na lista de alimentos classificados como “ultraprocessados”, relacionados na Figura 4.2. São feitas generalizações que não refletem a realidade, pois esses “alimentos” são, na verdade, cate- gorias de produtos que reúnem uma enorme diversidade de itens cuja composição pode variar conforme os vários fabricantes. Por exemplo, o termo “refeição pronta de car- ne” pode ser atribuído a uma enorme e variada gama de produtos, assim como “bebidas lácteas adoçadas”, “pães embalados”, “macarrão instantâneo”, “batata frita chips”, “bebidas carbonatadas”, “salgadinhos de pacote”, “sopas prontas” etc. É um enorme erro avaliar um produto pelo nome da sua categoria. Apesar disso, essas categorias têm sido pro- pagadas como exemplos de “alimentos ultraprocessados”, gerando mensagens falsas que fomentam os preconceitos e as ideologias contrárias a essas categorias de produtos. Em todas as categorias de produtos apresentadas como exemplos de “alimentos ultraprocessados” (Figura 4.2), existem muitos itens que não possuem as características que os autores da “classificação” NOVA descrevem para os “ultraprocessados” (Figura 4.2). A grande quantidade de exceções demonstra como a generalização feita na classificação dos alimentos “ultra- processados” é incoerente com a realidade e, por isso, propaga uma imagem falsa das categorias de produtos ali- mentícios industrializados. A análise mais detalhada da falta de aderência das vá- rias categorias de produtos alimentícios com as caracte- rísticas usadas pela “classificação” NOVA para os rotular negativamente como “ultraprocessados” pode ser vista no site http://www.alimentosprocessados.com.br/mitos-fatos -processamento-ultraprocessados.php. DIVERSOS PRODUTOS ALIMENTÍCIOS DEFINIDOS COMO “ULTRAPROCESSADOS”: Snacks gordurosos, salgados ou doces; Salgadinhos “de pacote”; Sorvetes; Cereais de café da manhã açucarados; Cereais matinais; Barras de cereal; Barras energéticas; Fórmulas infantis, leites seguidores e outros produtos para bebês; Produtos de “saúde” e “emagrecimento”, como farinha e fortificados em pó ou “fortificados”; Sopas em pó; Sopas prontas; Pizzas prontas; Sobremesas prontas; Produtos congelados prontos para aquecer; Refeição pronta de queijos reconstituídos e pré-preparados; Tempero pronto, tempero instantâneo; Molhos prontos. EXEMPLOS DE PRODUTOS SEM AS CARACTERÍSTICAS DOS SUPOSTOS “ULTRAPROCESSADOS”: Presença de alimentos in natura : os snacks tradicionais são elaborados com diversos tipos de farinhas, e existem vários outros à base de cereais, vegetais e frutas; existem vários sorvete industrializados nos quais o leite ou as frutas representam a maior quantidade do produto; os cereais predominam em muitos cereias matinais e barras de cereais; existem produtos congelados, sopas e pizzas prontas com ingredientes muito similares aos mesmos produtos feitos em residências ou restaurantes; os temperos e molhos prontos também variam muito quanto à composição, com a presença no mercado de vários produtos com ingredientes in natura ; as fórmulas infantis e misturas em pó dietéticas diversas são formuladas com ingredientes variados e têm finalidades específicas para a sua existência; Nutrientes: todos os produtos mencionados podem conter tipos e quantidades variadas de nutrientes, de acordo com a diversidade de formulações existente no mercado; Presença de gorduras, açúcar e sódio : todos os produtos mencionados podem conter quantidades variadas de gorduras, açúcar e sódio, de acordo com a diversidade de formulações existente no mercado. TODAS AS CATEGORIAS CARACTERÍSTICAS QUE PODEM SER COMUNS A ALGUNS PRODUTOS, MAS QUE NÃO TÊM RELAÇÃO DIRETA COM SUA QUALIDADE E VALOR NUTRICIONAL: Uso de ingredientes e aditivos alimentares industriais : quando utilizados, isso ocorre dentro da legislação que estabelece a sua segurança para consumo, com base em vários estudos científicos; Número e nomenclatura de ingredientes: não há base científica capaz de justificar que o número de ingredientes tem relação com a qualidade e o valor nutricional de um produto alimentício, muito menos ainda quanto aos nomes desses ingredientes; Frequentemente adicionados de ar ou água: quando se adiciona ar ou água num alimento, é porque isso tem alguma finalidade tecnológica, sendo feito de forma transparente e de acordo com as normas. Não tem cabimento indicar que ar e água possam ser prejudiciais à saúde, a não ser que essa característica seja uma forma indireta de acusar a indústria de cometer fraudes, o que seria bastante leviano da parte desses autores; Quanto aos fabricantes e processos de fabricação : ser produzido em indústria de pequeno ou grande porte não pode ser levado a sério como característica da qualidade e valor nutritivo de um alimento, assim como julgar um alimento por ter mais ou menos etapas de processamento; seria conveniente que os autores explicassem como as tecnologias “exclusivamente industriais” podem ser danosas; Quanto à comunicação e comercialização: isso não tem relação com o conteúdo dos produtos industrializados, as afirmações representam desconhecimento da área de promoção e distribuição, além de soarem como acusações sérias de que a indústria faz propaganda enganosa e de que os supermercados adotam artimanhas para fazer os consumidores comprarem produtos que fazem mal; Quanto à forma de consumo: como já mencionado, a tendência de fragmentação das refeições e de comer mais snacks vem crescendo há muito tempo, e isso gera um grande mercado para produtos de conveniência, observando que existem vários snacks com bom valor nutricional e baixos teores de gorduras, açúcares e sal, também para atender à mudança de hábito dos consumidores. Figura 4.2 Alimentos e bebidas definidos como “ultraprocessados” pela “classificação” NOVA. Fontes: (BRASIL, 2014); (ULTRA-PROCESSED..., 2015).
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